Poucos
foram os que escaparam da morte na chacina que dizimou o bando de
Lampião em 28 de julho de 1938, mostraremos aqui histórias de alguns
sobreviventes ainda vivos ou falecidos recentemente.
Moreno
e Durvalina "Durvinha" fugiram para Minas Gerais após o ataque.
Passaram dois anos fugindo a pé até chegarem em Minas, onde mudaram de
identidade e fizeram pacto de silencio, nem mesmo os filhos conheciam
sua história. Durvinha entrou no cangaço por conta da paixão que sentia
por Virginio, cunhado de lampião.
DURVINHA NOS TEMPOS DO CANGAÇO / MORENO E DURVINHA EM 2005
Após
sua morte, foi tomada como esposa por Moreno, com quem teve seis
filhos, e dois com o cangaceiro Virgílio, que foram levados por
coiteiros para adoção. Após 72 anos de união e 94 anos de idade,
Durvinha faleceu em 01 de julho de 2008, Moreno ainda vive.
Leia a história de Moreno e Durvinha aqui
Leia mais no Diário do Nordeste
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ARISTÉIA, HOJE COM 96 ANos |
Aristéia
Soares de Lima, a "Aristér", entrou para o cangaço porque os volantes
perseguiam sua família, batiam no pai, no irmão e nos tios, tendo um
deles morrido após ser espancado pela polícia. “Meu pai apanhou, meu
irmão e um tio meu morreu de pisa porque a polícia achava que a gente
era ‘coiteiro’, e ninguém era. Ou corria ou a polícia matava; foi por
isso que eu entrei para o cangaço”. Era casada com Cícero Garrincha,
cangaceiro conhecido como Catingueira, única pessoa que diz ter visto
morrer após ser baleado pelos volantes. Perdeu também sua irmã Eleonora,
que era casada com o cangaceiro Serra Branca, após esse fatos, recusou a
proposta de Cruzeiro para que ela passasse a ser sua esposa e grávida
de seu primeiro filho se entregou a polícia, onde presa, viu as cabeças
de Lampião e Maria Bonita serem expostas. Seu filho foi dado a umas
tias, para que o criassem. Atualmente vive no município de Delmiro
Gouveia, em Alagoas.
Leia mais sobre Aristéia no G1
SILA E ZÉ SERENO NA ÉPOCA DO CANGAÇO / SILA EM 2005
Ilda
Ribeiro de Sousa, a Sila, foi tomada como esposa por Zé Sereno e viveu
dois anos no cangaço. Conseguiu escapar do massacre e viveu até 2005,
quando veio a falecer no dia 14 de abril em São paulo. Apesar de ter ido
contra sua vontade e não ter noção do que era o cangaço, Sila acha
que não era um movimento revolucionário, naquela época ninguém pensava
assim, nem Lampião. Era o jeito de sobreviverem sem obedecer aos
coronéis. Ela achava que aquilo não era vida de gente, mas não tinha
saída. Sila entrou no espírito do grupo, andava com um punhal e uma
pistola "máuser" pequenininha, que dava cinco tiros, igual à de Maria
Bonita. Mas só usou uma vez, para libertar Zé Sereno, que entrou em uma
casa e um homem o derrubou no chão. Por causa do peso do armamento,
quando um cangaceiro caía, era difícil levantar. Sila chegou na hora,
pegou a pistola e falou: "Se não soltar ele agora, eu mato", "Depois Zé
falava para todo mundo que, se não fosse eu, ele tinha morrido".
MARIA BONITA E CANDEEIRO NA ÉPOCA DO CANGAÇO E CANDEEIRO, HOJE, "SEU NÉ"
Manoel
Dantas Loyola, o Candeeiro, trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando
um grupo de homens ligados a Lampião chegou ao local. Pouco tempo
depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu
seguir com os cangaceiros para não ser morto. No primeiro combate com os
“macacos”, Candeeiro foi ferido na coxa. “Era muita bala no pé do
ouvido”, lembra. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e
pimenta. Candeeiro viveu quase dois anos no bando, tinha a função de
entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes
fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido.
Mesmo ferido, conseguiu fugir da chacina e dias depois, com a promessa
de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na
tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumpriu dois anos de prisão e em
seguida volta para sua terra natal onde se afalbetiza, hoje com 93 anos
de idade, Manoel Dantas Loyola, ou somente "Seu Né", vive como
comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade
natal.
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