Bem Vindos ao "Atemporal, Olhar Cultural"

Bem Vindos ao "Atemporal, Olhar Cultural"

A cultura é um fenômeno regular verificado até mesmo nos mais primitivos povos, a beleza da pluralidade de costumes e pensamentos os quais abrangem sistemas políticos e jurídicos, crenças religiosas, lendas, mitos, valores éticos perpétuos ou temporais, locais ou universais são alguns dos fatores determinantes para o modo próprio de cada grupo de indivíduos em diferentes épocas e espaços geográficos se articularem e ter seu “patrimônio cultural”.

Vale lembrar que conceituar cultura [mesmo com tanta facilidade de identificá-la], não é tarefa tão fácil, a antropologia nos oferece uma variedade de definições, porém, ficarei aqui com a sugerida pelo antropólogo inglês Edward Burnett Tylor, nos parágrafos iniciais de Primitive Culture (1871; A cultura primitiva), "Cultura ... é o complexo no qual estão incluídos conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade."

Nesse BLOG, queremos dispor aos adoráveis leitores análises objetivas para a apreciação da diversidade cultural que é proveniente de implexos componentes da existência humana, fatores ambientais, psicológicos, sociológicos e históricos, que cooperam para construção da cultura de uma determinada sociedade ou época pesquisada.

A maior lição das culturas ainda é a relatividade dos comportamentos, o aprendizado da democratização do pensamento, é se polir para não sermos juízes da história ou dos fatos, mas ao mesmo tempo termos uma posição racional e firme sobre o que lemos e saber que o respeito à criatura humana está acima de qualquer cultura.

Só me resta aspirar uma ótima leitura a todos. Wagnner Fernnandes

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Admirável chip novo

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva
 (Música: Admirável chip novo, Pitty)

Admirável chip novo é uma paráfrase do título de um famoso romance chamado: “Admirável Mundo Novo” do inglês Aldous Huxley, o livro trata de uma sociedade fictícia existindo numa era pós–cristã, uma sociedade plenamente perfeita, harmonicamente desenhada livre de qualquer conflito e dissabores próprios a realidade humana atual, sem apreciação dos tradicionais dogmas sociais de comportamento, toda desordem e insegurança seria anulada por o consumo de uma droga denominada “Soma”. O nome do livro é infundido em uma fala da personagem "Miranda"  do livro “A Tempestade”, de  Shakespeare.
Não é novidade nenhuma músicas inspiradas nesse livro, a banda Inglesa Iron Maidem tem uma canção que leva o nome do texto em inglês (Brave New World), e o grupo “The Strokes”, possui uma composição intitulada “Soma”, alusiva a pílula tomada pelas pessoas no romance de Huxley, isso sem contar muitos outros músicos e cineastas que se espelharam na obra do Britânico.
O motivo de mencionar a música da Pitty é pela simpatia a sonoridade musical dela e por conta da forma como tá exposta as idéias do livro "Admirável Mundo Novo" nessa canção, com imperativos verbais (tenha, gaste, viva...), que traduzem bem nossa realidade.
Manipular as idéias em massa há muito tempo é o anseio das classes dominantes, já se tem notícia disso no mundo antigo, um caso conhecido, por exemplo, foi quando o Faraó Ramsés II decidiu escravizar os hebreus com medo de uma ociosidade que  levasse o povo a reflexão, pois quando percebessem a força com a grandiosidade numérica deles, poderiam se atrever a  tentar tomar o reino do Faraó.
A verdade é que nunca se viu uma manipulação de pensamento tão absurda como atualmente, isso é possível especialmente pela dinâmica da informação própria do nosso tempo, são diversos os mecanismos disponíveis para a elite social (empresários, políticos etc), imprimir sua vontade na mente de todos e determinar o que devemos pensar, falar, comprar, ser, usar, ficou extremamente fácil. Os interesses capitalistas nos dominaram de uma forma absurda, somos obrigados a decodificar nosso companheiro de sociedade como particular concorrente, alguém que devo derrotar no vestibular, no mercado trabalhista etc;  o  preciso aprender mais do que os outros para lutar bem armado; estar bem preparado não com a finalidade legítima do saber, que é engrandecer-me enquanto ser humano e desfrutar das consequências disso, mas de eliminar concorrentes, um verdadeiro absurdo! O maior prejuízo parece ter sido mesmo no campo das relações humanas.
Ainda para sermos considerados emergentes na sociedade temos todo um script de consumo, “compre isso, beba aquilo”, imposto radicalmente, especialmente por multinacionais. Sem mencionar o “coisificismo” predominante no mundo industrializado, com a façanha incrível de transformar seres humanos em indivíduos descartáveis, em coisas com prazo de validade, a idade não é sinônimo de acúmulo de conhecimento, mas sim de declínio. A música mencionada no início do post nos retrata como máquinas: 
 “Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente
E eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema”
É como se tivéssemos um sistema funcional instalado e reinstalado em nossa mente quando preciso, fazendo-nos mecanicamente corresponder as perspectivas do sistema vigente, tudo sem poder nenhum de questionamento ou qualquer reação contrária.
O modelo econômico que domina o planeta foi inclusive sacralizado como fonte segura de felicidade e a maioria parece crer nisso, pois cegamente o segue, mas não nos iludamos, ele não o é! Ele constituiu uma geração emocionalmente destruída e consumida pela ansiedade, juntamente com grupos economicamente subjugados e privados de esperança em mudanças no futuro! Por isso, um de meus maiores ídolos é o ateu Karl Marx, poderoso em criticar o sistema capitalista, em seu livro “O Capital”, expõe toda a barbárie capitalista, mostrando inclusive que ele subtrai a liberdade humana.
Não fazer parte do sistema capitalista é impossível, mas é possível repudiar a apreciação de vida imposta por ele, arquitetemos nossa mente com algo mais excelente que nos livre da aguda futilidade e indiferença ao próximo, que a vil mentalidade capitalista seja uma moda da qual estejamos fora dela com orgulho.
Por: Wagner Fernandes (Bacharel em teologia e graduando em letras)

Nenhum comentário:

Postar um comentário