Para
nós, a guilhotina é uma crueldade sem limites, esboça algo frio, indiferente a
vida humana, e a meu ver, sádica. Muito sádica!
Mas ela surgiu na história como forma misericordiosa de executar alguém
já que era uma morte mais branda quando comparada as outras formas de execução.
O condenado morto por enforcamento agonizava por um considerável período de
tempo antes de vir a óbito, o morto por um golpe de machado nem sempre recebia
um golpe tão certeiro que lhe decapitasse matando-o instantaneamente, nesse
caso, também se presenciava uma morte desagradável demais... Considerando isso,
viu-se a necessidade de criar algo naquele particular ambiente histórico
proporcionador de uma morte menos dolorosa e quem sabe, um pouco mais humana.
Como
muitos nobres morreram na França no período da revolução Francesa, houve vários
protestos contra o uso da guilhotina, os revolucionários queriam que a nobreza
padecesse de dores e agonias na execução mediante machado ou enforcamento,
assim como muitos pobres tinham sofrido antes.
Quem
geralmente é mencionado na história como o criador desse instrumento ambíguo,
que expressa misericórdia e crueldade ao mesmo tempo é o médico francês Joseph
Ignace Guillotin, daí o nome “Guilhotina”, alusivo ao seu suposto criador. O
deputado Guillotin, enviou uma recomendação em 1789 à Assembléia Nacional
Francesa, pedindo que a guilhotina fosse usada no lugar dos métodos habituais de
aplicação da pena de morte. O pedido foi aprovado, a guilhotina foi testada em
muitos cadáveres mostrando eficácia, cerca de três anos depois, essa máquina de
“assassinar” teve centenas de pessoas mortas por ela numa rotina que parecia infinita,
em torno de 45.000 pessoas foram decapitadas por ela na França. Só que na realidade,
o francês Guillotin não foi o criador da guilhotina, pois a mesma já tinha sido
usada séculos antes em diversos países como a Itália e a Escócia, entretanto, o
nome do médico e deputado da França ficou associado à guilhotina pelo seu uso
mais extensivo na história ter tido participação direta dele para que
acontecesse.
O
experimento foi apresentado ao público na França em 25 de abril de 1792, em um
ladrão chamado Pelletier, “lenda ou não, conta a história que o carrasco
oficial da cidade havia se exercitado antes da execução. A multidão ficou
calada quando trouxeram o condenado. A cabeça dele havia sido tosada para que
os cabelos do pescoço não criassem embaraços ao cortante fio do cutelo”. Naquela
ocasião, quando o carrasco ativou a lâmina, a decapitação aconteceu com extrema
facilidade (a lâmina de uma guilhotina junto com a armação presa a ela pesava
em torno de 40k), a cabeça do criminoso caiu no cesto e as pessoas maravilhadas
assistiram e se impressionaram com a eficácia de matar da, até então,
desconhecida guilhotina.
Ironicamente,
muitos dos que contribuíram para levar nobres para a guilhotina durante a
Revolução Francesa provaram da lâmina fatal, no final das contas, não morreram
só nobres; no maior festival de sangue já visto na França acabou sobrando para
todo mundo. Podemos pegar como exemplo os jacobinos, estes eram na maioria
pobres e ao mesmo tempo a ala mais radical da revolução, propunham
impiedosamente o extermínio da nobreza, porém, depois experimentaram muito bem
dessa macabra ironia do destino sendo vários deles mortos guilhotinados.
O
extermínio de alguém na guilhotina era o maior espetáculo do séc. XVIII na
França, as multidões adoravam, se divertiam, era um incansável passatempo;
acredite ou não, mas era um programa de família como levar crianças ao parque
hoje. Os pais erguiam as crianças para elas não perderem nenhum detalhe do show
da morte, era um povo desprovido de qualquer lazer, ver a cabeça cair dentro do
cesto tornou-se o principal entretenimento da época. No cenário de bizarra
diversão ainda podemos destacar as “tricoteuses”, mulheres envolvidas em linhas
e agulhas que ultrajavam as vítimas. Na verdade, aquela cena era o desfecho de
uma “trama”, um julgamento nebuloso, uma acusação não tão bem esclarecida, mas
a morte era um ápice que dava brilho e razão a tudo. Muitos anônimos morreram
na guilhotina, todavia grandes nomes da história morreram decapitados nela, tais
como: Louis
XVI, Maria Antonieta, até Lavoisier, o respeitado químico francês.
Por: Wagner Fernandes (Bacharel em teologia e graduando em letras).
Nenhum comentário:
Postar um comentário