A
prática do ato da mumificação apresenta total ligação com o pensamento
religioso no antigo Egito, cria-se na alma necessitando de um corpo mesmo após
o termino da vida, a partir daí a ciência disponível na época se empenhou por
desenvolver métodos para o corpo ter conservação por longos períodos de tempo. Na
prática, a razão dessa técnica estava na crença da necessidade do corpo não ser
extinto para a alma não o ser também. A notícia de Faraós tendo privilégio a
esse ritual com exclusividade é muito esparzida por ser algo economicamente inacessível
para comuns camadas sociais, era algo bastante caro mumificar alguém, mas não
apenas os opulentos faraós eram mumificados, pois não podemos esquecer que para
fazer com que os menos desprovidos tivessem acesso ao cobiçado cerimonial foi
estabelecido vários tipos de métodos para mumificar alguém e ainda com valores
diversos. È bem verdade que alguns não tinham mínimas condições de pagar por
isso, logo eram postos em sepulturas, expostos ao deserto quente e seco que naturalmente
realizava a mumificação.
A
mumificação não foi realizada apenas no Egito, mas no Alasca, nas ilhas
Canárias, na Ásia Central, no México, na América do Sul, no noroeste Europeu e
nos Alpes, e era aplicada tanto para conservar os corpos de humanos como de
animais considerados sagrados como bois, gatos, babuínos, íbis e crocodilos.
Não
podemos esquecer que o ato de mumificar alguém era uma atividade repleta de misticismo,
as ataduras eram cheias de amuletos postos pelos sacerdotes egípcios (os quais
eram verdadeiras jóias de ouro puro onde muitos tinham a forma de um
escaravelho, olhos ou de pilares,), com inscrições de formulas para
sobrevivência após a morte. Eles ainda acreditavam na presença do deus ANUPU
(guardião das necrópoles, o deus dos mortos), durante a mumificação, por isso
os sacerdotes embalsamadores usavam uma máscara de chacal enquanto mumificavam
fazendo uma alusão a ANUPU, além de com a máscara se protegerem de resíduos e
do cheiro forte, considerando que o embalsamamento durava mais de setenta dias
algumas vezes.
Nem sempre as múmias foram nos moldes que
ficaram populares por todo mundo, primeiramente somente sepultavam os mortos na
areia envolvidos em peles de animais ou esteiras, e fatores climatérios como o
vento e o calor seco conservavam os cadáveres. Depois se estabeleceu formas
mais desenvolvidas, a começar criou-se um lugar exclusivo para realizar o
embalsamamento, a Casa de Purificação ("Ibw") e na Casa da Beleza ("Per
Nefer"), de preferência bem próximo ao rio para simplificar a limpeza do
corpo. Desenvolveram uma variedade de ferramentas como: furadores, colheres,
espátulas, pinças e ganchos em cobre e porções para limpar e conservar o
falecido.
As pessoas mais simples optavam por embalsamar
seus parentes com uma forma menos dispendiosa. Era aplicada uma injeção de
essências e de vinhos corrosivos por meio do ânus, um tampão obstruía o
orifício, posteriormente passados alguns dias era retirado e o líquido saía tendo
corroído as entranhas. O corpo era enfaixado e entregue aos parentes. Outro método consistia em após quatro dias
após a morte, o cadáver era lavado com óleo de cedro que dissolvia o estômago e
intestino, depois era feita por cerca de cinqüenta dias uma dissecação até
ficar só a pele e os ossos, após isso, durante dezesseis dias fazia a aplicação
das faixas de linho velho espargidas com resinas e óleos (já encontram múmias
com até 20 camadas de ataduras), até ter a múmia finalizada.
Um procedimento mais complicado era a Mumificação
Osiriana, optada pelos faraós, ricos e nobres. Começava com a retirada do
cérebro pelas narinas com um gancho de ferro, depois retiravam os intestinos
por uma rotura feita numa das ilhargas utilizando uma faca. O lugar vazio era higienizado
com vinho de palma e preenchido com perfumes, canela, mirra e depois cosido. O
corpo em seguida por setenta dias era mergulhado em natrão, carbonato e bicarbonato
de sódio, lavado, “Inchertam resinas, aromas, perfumes, bandagem, pó de cerra,
isto para dar a conformação do corpo. Depois disto, costuram a abertura no
abdômem, colocam uma placa mágica, geralmente com o desenho dos quatro filhos
de Hórus e do olho de Hórus”, envolto nas ataduras de linho com goma arábica e
os amuletos sagrados entre as faixas, pintado com resina, o rosto e os ombros
eram recobertos por uma máscara funerária feita de metais preciosos e
finalmente a múmia era depositada em um sarcófago num recinto mortuário, “o
leito sobre qual a múmia repousava tinha forma de um leão. Esse animal é um
motivo muito comum na decoração de mobiliário funerário”. Nesse caso não se
perdiam as vísceras, as mesmas eram depositadas em jarros (vasos canópicos),
que possuíam cabeças de animais, o chacal (Duamutef), o babuíno (Hapi), o
falcão (Qebehsenuef) e antropomórfica (Amset), tidos como filhos de HÓRUS,
esses jarros representavam ali as divindades mencionadas conservando a múmia.
CURIOSIDADE: Certa vez, lendo um livro sobre
mumificação, lembro-me que no Egito as famílias passaram a entregar o corpo aos
embalsamadores apenas depois do falecido entrar em um considerável estado de
decomposição, isso por conta de notícias de violações sexuais aos corpos.
Por: Wagnner Fernnandes
(Bacharel em Teologia e graduando em Letras)
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