Bem Vindos ao "Atemporal, Olhar Cultural"

Bem Vindos ao "Atemporal, Olhar Cultural"

A cultura é um fenômeno regular verificado até mesmo nos mais primitivos povos, a beleza da pluralidade de costumes e pensamentos os quais abrangem sistemas políticos e jurídicos, crenças religiosas, lendas, mitos, valores éticos perpétuos ou temporais, locais ou universais são alguns dos fatores determinantes para o modo próprio de cada grupo de indivíduos em diferentes épocas e espaços geográficos se articularem e ter seu “patrimônio cultural”.

Vale lembrar que conceituar cultura [mesmo com tanta facilidade de identificá-la], não é tarefa tão fácil, a antropologia nos oferece uma variedade de definições, porém, ficarei aqui com a sugerida pelo antropólogo inglês Edward Burnett Tylor, nos parágrafos iniciais de Primitive Culture (1871; A cultura primitiva), "Cultura ... é o complexo no qual estão incluídos conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade."

Nesse BLOG, queremos dispor aos adoráveis leitores análises objetivas para a apreciação da diversidade cultural que é proveniente de implexos componentes da existência humana, fatores ambientais, psicológicos, sociológicos e históricos, que cooperam para construção da cultura de uma determinada sociedade ou época pesquisada.

A maior lição das culturas ainda é a relatividade dos comportamentos, o aprendizado da democratização do pensamento, é se polir para não sermos juízes da história ou dos fatos, mas ao mesmo tempo termos uma posição racional e firme sobre o que lemos e saber que o respeito à criatura humana está acima de qualquer cultura.

Só me resta aspirar uma ótima leitura a todos. Wagnner Fernnandes

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A morte é apenas o começo...Alma e corpo continuam, só que separados!

A prática do ato da mumificação apresenta total ligação com o pensamento religioso no antigo Egito, cria-se na alma necessitando de um corpo mesmo após o termino da vida, a partir daí a ciência disponível na época se empenhou por desenvolver métodos para o corpo ter conservação por longos períodos de tempo. Na prática, a razão dessa técnica estava na crença da necessidade do corpo não ser extinto para a alma não o ser também. A notícia de Faraós tendo privilégio a esse ritual com exclusividade é muito esparzida por ser algo economicamente inacessível para comuns camadas sociais, era algo bastante caro mumificar alguém, mas não apenas os opulentos faraós eram mumificados, pois não podemos esquecer que para fazer com que os menos desprovidos tivessem acesso ao cobiçado cerimonial foi estabelecido vários tipos de métodos para mumificar alguém e ainda com valores diversos. È bem verdade que alguns não tinham mínimas condições de pagar por isso, logo eram postos em sepulturas, expostos ao deserto quente e seco que naturalmente realizava a mumificação.

A mumificação não foi realizada apenas no Egito, mas no Alasca, nas ilhas Canárias, na Ásia Central, no México, na América do Sul, no noroeste Europeu e nos Alpes, e era aplicada tanto para conservar os corpos de humanos como de animais considerados sagrados como bois, gatos, babuínos, íbis e crocodilos.
Não podemos esquecer que o ato de mumificar alguém era uma atividade repleta de misticismo, as ataduras eram cheias de amuletos postos pelos sacerdotes egípcios (os quais eram verdadeiras jóias de ouro puro onde muitos tinham a forma de um escaravelho, olhos ou de pilares,), com inscrições de formulas para sobrevivência após a morte. Eles ainda acreditavam na presença do deus ANUPU (guardião das necrópoles, o deus dos mortos), durante a mumificação, por isso os sacerdotes embalsamadores usavam uma máscara de chacal enquanto mumificavam fazendo uma alusão a ANUPU, além de com a máscara se protegerem de resíduos e do cheiro forte, considerando que o embalsamamento durava mais de setenta dias algumas vezes.

Nem sempre as múmias foram nos moldes que ficaram populares por todo mundo, primeiramente somente sepultavam os mortos na areia envolvidos em peles de animais ou esteiras, e fatores climatérios como o vento e o calor seco conservavam os cadáveres. Depois se estabeleceu formas mais desenvolvidas, a começar criou-se um lugar exclusivo para realizar o embalsamamento, a Casa de Purificação ("Ibw") e na Casa da Beleza ("Per Nefer"), de preferência bem próximo ao rio para simplificar a limpeza do corpo. Desenvolveram uma variedade de ferramentas como: furadores, colheres, espátulas, pinças e ganchos em cobre e porções para limpar e conservar o falecido.

As pessoas mais simples optavam por embalsamar seus parentes com uma forma menos dispendiosa. Era aplicada uma injeção de essências e de vinhos corrosivos por meio do ânus, um tampão obstruía o orifício, posteriormente passados alguns dias era retirado e o líquido saía tendo corroído as entranhas. O corpo era enfaixado e entregue aos parentes.  Outro método consistia em após quatro dias após a morte, o cadáver era lavado com óleo de cedro que dissolvia o estômago e intestino, depois era feita por cerca de cinqüenta dias uma dissecação até ficar só a pele e os ossos, após isso, durante dezesseis dias fazia a aplicação das faixas de linho velho espargidas com resinas e óleos (já encontram múmias com até 20 camadas de ataduras), até ter a múmia finalizada.

Um procedimento mais complicado era a Mumificação Osiriana, optada pelos faraós, ricos e nobres. Começava com a retirada do cérebro pelas narinas com um gancho de ferro, depois retiravam os intestinos por uma rotura feita numa das ilhargas utilizando uma faca. O lugar vazio era higienizado com vinho de palma e preenchido com perfumes, canela, mirra e depois cosido. O corpo em seguida por setenta dias era mergulhado em natrão, carbonato e bicarbonato de sódio, lavado, “Inchertam resinas, aromas, perfumes, bandagem, pó de cerra, isto para dar a conformação do corpo. Depois disto, costuram a abertura no abdômem, colocam uma placa mágica, geralmente com o desenho dos quatro filhos de Hórus e do olho de Hórus”, envolto nas ataduras de linho com goma arábica e os amuletos sagrados entre as faixas, pintado com resina, o rosto e os ombros eram recobertos por uma máscara funerária feita de metais preciosos e finalmente a múmia era depositada em um sarcófago num recinto mortuário, “o leito sobre qual a múmia repousava tinha forma de um leão. Esse animal é um motivo muito comum na decoração de mobiliário funerário”. Nesse caso não se perdiam as vísceras, as mesmas eram depositadas em jarros (vasos canópicos), que possuíam cabeças de animais, o chacal (Duamutef), o babuíno (Hapi), o falcão (Qebehsenuef) e antropomórfica (Amset), tidos como filhos de HÓRUS, esses jarros representavam ali as divindades mencionadas conservando a múmia.

CURIOSIDADE: Certa vez, lendo um livro sobre mumificação, lembro-me que no Egito as famílias passaram a entregar o corpo aos embalsamadores apenas depois do falecido entrar em um considerável estado de decomposição, isso por conta de notícias de violações sexuais aos corpos.

Por: Wagnner Fernnandes (Bacharel em Teologia e graduando em Letras)

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