Um pensador que merece dezenas de adjetivos, assim eu classificaria o
filósofo alemão que pertencia a uma família Protestante e que tinha em seu
ciclo de amizades pessoas como Richard Wagner, por exemplo. É meu reflexionista
predileto na modernidade, aos 25 anos, queridos leitores do blog, nosso
Nietzsche (1844-1900), já
era professor universitário em Basiléia na Suíça. É uma figura curiosa e
controversa com uma complexidade argumentativa que para mim, um dos lados mais
fascinantes do escritor.
Se queremos entender as raízes do niilismo,
necessitamos nos deportar a “Comuna de Paris”(1871), a classe operária francesa
vai ao poder destronando o governo, na ocasião, o proletariado francês
destruia tudo que achava pela frente, inclusive obras de artes importantes.
Nietzsche acha isso um absurdo sem limites e a partir daí escreve por duas
décadas motivado por um anti-socialismo criticando todo princípio de igualdade
democrática. O cristianismo igualmente não escapou da sua afiada crítica, para
ele os cristãos pregavam a moral de escravos com origem na palestina quando
ocupada e dominada pelos romanos, os judeus como não conseguiam se livrar
dos romanos, começaram a valorizar tudo que era débil e medíocre, o
cristianismo surgiu nesse ambiente histórico judaico herdando e perpetuando
na sociedade ocidental uma visão restrita da vida, como Nietzsche
mesmo diz: o cristianismo estabeleceu um "doentio moralismo [o qual]
ensinou o homem a envergonhar-se de todos os seus instintos". A raça
escrava, da época da dominação romana, por não ter o acesso às regalias da
classe predominante passou a condenar e demonizar taxando como pecado as
mesmas, em contrapartida, estigmatizava a prostração social como virtude,
neobárbaros desprezadores dos valores superiores da nobreza eram os cristãos.
Nietzsche fazia uma ligação entre o
cristianismo e o socialismo e até com o anarquismo (socialismo é um
"cristianismo degenerado [...] o anarquista e o cristão vêm da mesma
cepa..."), proclamou a morte de Deus não como proferimento de um ateísmo
gratuito (Nietzsche mesmo nunca se definiu como ateu), mas como leitura racional
de uma Europa que não vivia mais sob o norte da fé, mas sim, da razão. Ensinou ainda
que o homem deveria se desprender de toda história passada e seguir ousadamente
seu instinto, não há necessidade de analisar a história para não repeti-la,
deve-se crer no eterno retorno, tudo pode ser tentado outra vez, mesmo tendo
sido um fracasso outrora. Sempre foi um defensor de uma nobreza como supremacia
racial descontamizada do cristianismo.
Outra fonte de inspiração de Nietzsche foi o
escritor russo Fédor Dostoievski, este alertava para o perigo do surgimento de
uma classe na sociedade fora dos padrões religiosos cristãos (homem-idéia), em
seus romances como "Crime e castigo" e "Os demônios"
encontramos personagens ateus negativizados pelo escritor russo, os mesmos
vieram se transformar em verdadeiros arquétipos para Nietzsche. Eram homens
distantes da restrição de conduta imposta pela religião que teriam a capacidade
de assumir sem receio a morte de Deus e construir uma sociedade suprema.
Ponto marcante do pensamento de nosso querido
filósofo está em seu poema “Assim falou Zaratustra”, no poema, o profeta
Zaratustra após ter passado anos de meditação em uma montanha na companhia de
uma águia e de uma serpente, vem anunciar a boa nova da chegada do super-homem.
"Que é o macaco para o homem?” O profeta perguntava a todos que encontrava
os quais respondiam: "Um motivo de riso e dolorosa vergonha. E é
justamente isso que o homem deverá ser para o super-homem: um motivo de riso ou
de dolorosa vergonha". "... não existe Diabo, nem
inferno", diz Zaratustra "a tua alma estará morta ainda mais depressa
do que o teu corpo; portanto não receies nada!" O super-homem nasceu (racional,
descristianizado, materialista...), logo não precisamos mais de Deus.
O homem que proclamou a morte de Deus (vendo
na europa a política a arte e as ciências subtraindo a Deidade), e o nascimento do super-homem como novo personagem histórico coluna da humanidade
é no mínimo radical demais, tudo no filósofo alemão era no extremo: “Eu não não
sou um homem, sou dinamite”; um idealista nato! É isso que eu acho apreciável
ao ler e conhecer Friedrich Nietzsche, um idealista dessa natureza é o
tipo de pessoa estimada por mim sem nenhum esforço. Para nós, mortais comuns,
relacionamos a exposição de idéias com a concreta realidade de conseguir o
almejado quando protestamos opinamos ou criticamos algo, o idealista não, o faz
por mero prazer, por acreditar que é certo e melhor o exposto por ele;
Nietzsche mandava seus escritos para muitas pessoas que nada viam de relevante
em suas idéias, só depois, já próximo da sua loucura e morte enxergaram o
tesouro folisófico ali. Precisamos de gente assim, assumindo a
postura de, “eu fiz a minha parte”, não me interessa se resultados virão, viva
o meu idealismo pois a minha realização pessoal é saber sem qualquer ressaca
moral que enquanto pude eu fiz, pensei... E não calei os sentimentos, tesouro
maior da alma.
Por: Wagner Fernandes (Bacharel em Teologia e
graduando em Letras)
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