Bem Vindos ao "Atemporal, Olhar Cultural"

Bem Vindos ao "Atemporal, Olhar Cultural"

A cultura é um fenômeno regular verificado até mesmo nos mais primitivos povos, a beleza da pluralidade de costumes e pensamentos os quais abrangem sistemas políticos e jurídicos, crenças religiosas, lendas, mitos, valores éticos perpétuos ou temporais, locais ou universais são alguns dos fatores determinantes para o modo próprio de cada grupo de indivíduos em diferentes épocas e espaços geográficos se articularem e ter seu “patrimônio cultural”.

Vale lembrar que conceituar cultura [mesmo com tanta facilidade de identificá-la], não é tarefa tão fácil, a antropologia nos oferece uma variedade de definições, porém, ficarei aqui com a sugerida pelo antropólogo inglês Edward Burnett Tylor, nos parágrafos iniciais de Primitive Culture (1871; A cultura primitiva), "Cultura ... é o complexo no qual estão incluídos conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade."

Nesse BLOG, queremos dispor aos adoráveis leitores análises objetivas para a apreciação da diversidade cultural que é proveniente de implexos componentes da existência humana, fatores ambientais, psicológicos, sociológicos e históricos, que cooperam para construção da cultura de uma determinada sociedade ou época pesquisada.

A maior lição das culturas ainda é a relatividade dos comportamentos, o aprendizado da democratização do pensamento, é se polir para não sermos juízes da história ou dos fatos, mas ao mesmo tempo termos uma posição racional e firme sobre o que lemos e saber que o respeito à criatura humana está acima de qualquer cultura.

Só me resta aspirar uma ótima leitura a todos. Wagnner Fernnandes

domingo, 26 de setembro de 2010

Um breve passeio pelo pensamento de Nietzsche

Um pensador que merece dezenas de adjetivos, assim eu classificaria o filósofo alemão que pertencia a uma família Protestante e que tinha em seu ciclo de amizades pessoas como Richard Wagner, por exemplo. É meu reflexionista predileto na modernidade, aos 25 anos, queridos leitores do blog, nosso Nietzsche (1844-1900), já era professor universitário em Basiléia na Suíça. É uma figura curiosa e controversa com uma complexidade argumentativa que para mim, um dos lados mais fascinantes do escritor.
Se queremos entender as raízes do niilismo, necessitamos nos deportar a “Comuna de Paris”(1871), a classe operária francesa vai ao poder destronando o governo, na ocasião, o proletariado  francês destruia tudo que achava pela frente, inclusive obras de artes importantes. Nietzsche acha isso um absurdo sem limites e a partir daí escreve por duas décadas motivado por um anti-socialismo criticando todo princípio de igualdade democrática. O cristianismo igualmente não escapou da sua afiada crítica, para ele os cristãos pregavam a moral de escravos com origem na palestina quando ocupada e dominada  pelos romanos, os judeus como não conseguiam se livrar dos romanos, começaram a valorizar tudo que era débil e medíocre, o cristianismo surgiu nesse ambiente histórico judaico herdando e perpetuando  na sociedade ocidental uma visão restrita da vida,  como Nietzsche mesmo diz: o cristianismo estabeleceu um  "doentio moralismo [o qual] ensinou o homem a envergonhar-se de todos os seus instintos".  A raça escrava, da época da dominação romana, por não ter o acesso às regalias da classe predominante passou a condenar e demonizar taxando como pecado as mesmas, em contrapartida, estigmatizava a prostração social como virtude, neobárbaros desprezadores dos valores superiores da nobreza eram os cristãos.
Nietzsche fazia uma ligação entre o cristianismo e o socialismo e até com o anarquismo (socialismo é um "cristianismo degenerado [...] o anarquista e o cristão vêm da mesma cepa..."), proclamou a morte de Deus não como proferimento de um ateísmo gratuito (Nietzsche mesmo nunca se definiu como ateu), mas como leitura racional de uma Europa que não vivia mais sob o norte da fé, mas sim, da razão. Ensinou ainda que o homem deveria se desprender de toda história passada e seguir ousadamente seu instinto, não há necessidade de analisar a história para não repeti-la, deve-se crer no eterno retorno, tudo pode ser tentado outra vez, mesmo tendo sido um fracasso outrora. Sempre foi um defensor de uma nobreza como supremacia racial descontamizada do cristianismo.
Outra fonte de inspiração de Nietzsche foi o escritor russo Fédor Dostoievski, este alertava para o perigo do surgimento de uma classe na sociedade fora dos padrões religiosos cristãos (homem-idéia), em seus romances como "Crime e castigo" e "Os demônios" encontramos personagens ateus negativizados pelo escritor russo, os mesmos vieram se transformar em verdadeiros arquétipos para Nietzsche. Eram homens distantes da restrição de conduta imposta pela religião que teriam a capacidade de assumir sem receio a morte de Deus e construir uma sociedade suprema.
Ponto marcante do pensamento de nosso querido filósofo está em seu poema “Assim falou Zaratustra”, no poema, o profeta Zaratustra após ter passado anos de meditação em uma montanha na companhia de uma águia e de uma serpente, vem anunciar a boa nova da chegada do super-homem. "Que é o macaco para o homem?” O profeta perguntava a todos que encontrava os quais respondiam: "Um motivo de riso e dolorosa vergonha. E é justamente isso que o homem deverá ser para o super-homem: um motivo de riso ou de dolorosa vergonha".  "... não existe Diabo, nem inferno", diz Zaratustra "a tua alma estará morta ainda mais depressa do que o teu corpo; portanto não receies nada!" O super-homem nasceu (racional, descristianizado, materialista...), logo não precisamos mais de Deus.
O homem que proclamou a morte de Deus (vendo na europa  a política a arte  e as ciências subtraindo a Deidade), e o nascimento do super-homem como novo personagem histórico coluna da humanidade é no mínimo radical demais, tudo no filósofo alemão era no extremo: “Eu não não sou um homem, sou dinamite”; um idealista nato! É isso que eu acho apreciável ao ler e conhecer Friedrich Nietzsche, um idealista dessa natureza é o tipo de pessoa estimada por mim sem nenhum esforço. Para nós, mortais comuns, relacionamos a exposição de idéias com a concreta realidade de conseguir o almejado quando protestamos opinamos ou criticamos algo, o idealista não, o faz por mero prazer, por acreditar que é certo e melhor o exposto por ele; Nietzsche mandava seus escritos para muitas pessoas que nada viam de relevante em suas idéias, só depois, já próximo da sua loucura e morte enxergaram o tesouro folisófico ali. Precisamos de gente assim, assumindo a postura de, “eu fiz a minha parte”, não me interessa se resultados virão, viva o meu idealismo pois a minha realização pessoal é saber sem qualquer ressaca moral que enquanto pude eu fiz, pensei... E não calei os sentimentos, tesouro maior da alma.
Por: Wagner Fernandes (Bacharel em Teologia e graduando em Letras)

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